O drama da partida

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o drama da partida,

retratado neste quadro

é de partir o coração

o olhar perdido

da criança órfã …

AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 5 de julho de 2015.

Arte: Alexandre Antigna (French ,1817 – 1878)
Title : La Mort du Pauvre (The Death of the Pauper)
Date : 1849

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Escola do crime

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ah, quanto meninos
fora das escolas
viram mercadores
de balas, drogas,
engraxates,

malabaristas,
cansados pedintes
quanto abandono
e no final de consolo
para a social “mea culpa”

lhes imputam a pena
de um reformatório
ou pior, agora com redução
da maioridade penal, condena
à escola do crime na prisão. 

AjAraujo, poeta humanista, escrito em 26 de junho de 2016.

Arte por Fernand Pelez (French , 1843 – 1913)
Título: A martyr – The violette merchant .

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Ser alado

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o que seria preciso?

para acolher o sonho
para socorrer o ferido
para recolher o orvalho
para abrigar o andarilho

AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 27-Abr-14.

Imagem: Piet Mondrian: Evening – the red tree.

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Entre o tudo e o nada

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Não sou nada,
Na verdade,
Nem nada fui.

Não sei tudo,
Na verdade,
Nem tudo soube.

Não fui tudo,
Na verdade,
Nem tudo sou.

Não soube nada,
Na verdade,
Nem nada sei.

Não ficou nada,
Na verdade,
Nem nada restou.

Não tocou tudo,
Na verdade,
Nem tudo sentiu.

Não sentiu nada,
Na verdade,
Nem lhe tocou nada.

Não restou o tudo,
Na verdade,
Nem ficou em tudo.

AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 28-dez-15.

Arte: Vladimir Kush, surreal painter.

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Insônia no país de 1001 noites de espertezas

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Acumular de um lado
dores, rancores, bolores,
De outro desprezo,
cobres, dólares…

Afinal, vivemos em um país
cuja maior presteza
É se orgulhar de pagar a mais,
a conta a sua alteza…

Insone, ter medo de dormir,
ter pesadelos, despertar
Insônia, cegueira, surdez,
sonhos, melhor não tê-los…

Pois, ao acordar,
diante de tristes realidades,
com certezas de viver
no país de mil e uma noites

de incertezas
(e espertezas)…

AjAraujo, poema protesto sobre a crônica corrupção em nosso país, escrito em 2001, revisitado em maio de 2017.

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Afinal pra que tanta lavadura?

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Se ao cabo desta legislatura
Basta uma simples leitura
Do golpe em levantadura
Levou Jucá a licenciatura

Mas pra chegar a ligadura
Do PT, Moro fez limpadura
Mas sem a menor lisura
Em pena seletiva literatura

Pois nada tinha de loucura
A lava se tornou maçadura
A toca fez política na magistratura
Fingiu combate a mamadura

Corrupção desculpa para moedura
De Cunha tanta molhadura
Golpe com Te-mentira e musculatura
Pra seguir com a histórica mordedura…

AjAraujo, escrito em 24 de maio de 2016, revisto em 24 de maio de 2017.

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Justiça não é castiça!

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muitas vezes, me pego rouco,
e do grito, escapo no peito,
aprisionado, como um louco,
blasfemo, assim me liberto…

às vezes, me pego sedento
esvazio o cantil, quase seco,
alucinado, como peregrino
em Gobi, perdido no deserto…

quantas vezes, me pego colérico
descarrego, por tanta injustiça,
raiva engasgada, tão revoltado,
a explodir, ecoando, basta, chega…

AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 10 de outubro de 2015.

Arte ~ Lady Injustice (autoria ignorada)

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Crônicas sobre tabagismo & filosofia a partir de história de Jean Paul Sartre

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Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21/6/1905 — Paris, 15/4/1980), filósofo francês, escritor e crítico, foi um dos ícones mais representativos da corrente filosófica denominada “existencialismo”.

“Ninguém deve cometer a mesma tolice duas vezes. A possibilidade de escolha é muito grande.” Jean-Paul Sartre

Sartre fez inúmeras tentativas para deixar de fumar, e de certa forma, buscou através de sua própria corrente de pensamento – o existencialismo – desenvolver um método para deixar de fumar individualmente, focando na sua própria experiência com o tabaco.

Caminhando nestes trilhos, parar de fumar é como se fosse um processo de “auto-descoberta”, um processo de reaprendizagem socioambiental para “reaprender a funcionar socialmente, biologicamente, psiquicamente, espiritualmente sem o cigarro” e isto, nós terapeutas todos sabemos que não é um processo fácil, é preciso construir habilidades para enfrentamentos que serão inevitáveis com situações do cotidiano, notadamente o estresse.

O famoso escritor, após muitas tentativas, conseguiu certa vez parar de fumar, e como todo filósofo que se preza apresentou um postulado teórico sobre o tema:

“O ato de fumar é uma apropriação: da fumaça, do ar, de algo imaterial. Não uma apropriação burguesa de um determinado objeto, mas a apropriação do próprio “eu”, do ser que fuma”.

Uma vez consolidando esta apropriação, o filósofo considerou (e parece que, neste caso, estava equivocado) que seria fácil abandonar os cigarros. Para Sartre, esta “apropriação simbólica” seria transferida para outros fatos do cotidiano, como o sabor dos alimentos, o bem-estar físico, o prazer de escrever. Sobre a solidão e o tédio, muitas vezes relatados pelos tabagistas como fatores que levam a buscar a companhia do cigarro, Sartre escreveu:

“Se você sente tédio enquanto está sozinho, é porque está em péssima companhia.”

E esta abstração de Sartre, do ponto de vista da abordagem ao fumante, tem a ver, de fato, com os mecanismos envolvidos com o uso ou a supressão da nicotina no sistema de recompensa cerebral, como conhecemos hoje na neurobiologia da nicotina. Em outra citação simbólica, Sartre diz:

“O pior mal é aquele ao qual nos acostumamos.”

Em nossos aconselhamentos chamamos atenção para a natural busca que o fumante faz por outros mecanismos e estímulos gratificantes, que podem tanto ajudá-lo a manter-se abstinente, quanto a se tornar um poderoso gatilho para voltar a fumar, como p.ex., o ganho de peso, com a gratificação pelo consumo de alimentos calórico, ao invés de tentar controlar o inevitável ganho ponderal (estimado de 2-5 kg) ingerindo alimentos de baixa caloria e praticando exercícios.

Como a grande maioria dos fumantes que interrompem o fumo, Sartre recaiu – faz parte do processo de mudança –, voltando a fumar no padrão habitual, e chegou à “idade da maturação” (em analogia a seu famoso livro “A idade da razão”), ainda fumante, com diversos problemas cardio-circulatórios, especialmente doença vascular periférica.

Para a companheira de lutas e de vida de Sartre, a escritora e filosofa Simone de Beauvoir:

“Todas as vitórias ocultam uma renúncia.”

O médico de Sartre então lhe disse: “Se você não parar de fumar, infelizmente terá que em breve que amputar os dedos dos pés, depois os pés, e por fim as pernas”. Atemorizado, Sartre então decidiu parar de fumar. Mas, a despeito de seus esforços, ele não conseguiu parar. Em outra citação sobre coragem e medo, ele diz:

“Todos os homens tem medo, quem não tem medo não é normal; e isso não tem na a ver com coragem,”

Na época, o autor de “Náusea” foi procurado por um jornalista americano, que lhe indagou o que mais importava em sua vida naquele momento mais. “Não sei. Tudo, Viver, Fumar.”, respondeu Sartre. Nós terapeutas também fazemos este tipo de pergunta para o fumante, do quanto ele se sente pronto para deixar de fumar, que importância dá a esta decisão em sua vida e que confiança ele tem que irá conseguir manter-se abstinente. A isto chamamos auto-eficácia. O nosso filósofo existencialista provavelmente tinha uma baixa auto-eficácia para manejar a sua “crise existencial” com o tabaco.

Decerto a ambivalência do filósofo era muito forte. Fumar se confunde não só com o morrer, mas também com o viver, para alguns fumantes, como o Sartre. Mas ele próprio também alertava para as escolhas na vida:

“Viver é isto: ficar se equilibrando o tempo todo, entre escolhas e consequências”.

AjAraujo, crônica escrita em 7 de fevereiro de 2015, de uma série sobre grandes personalidades das artes e da literatura e as suas lutas para se livrarem do tabaco.

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O tempo, essa tormenta humana!

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Esta imagem representa como vivemos atualmente na denominada sociedade “24 horas”. Na verdade, somos escravos do tempo, como ponteiros do relógio, ou areia fina que cai da ampulheta; um mundo onde tudo se resume a horas, dias, meses, anos, que serão de fato necessárias para que alcancemos a condição humana? E sempre dizemos que não queremos “perder tempo”, contudo o tempo solenemente ignora esta nossa angústia de querer dominá-lo a qualquer custo, ele  que não tem nada com isso, se vai, quer queiramos “ganhá-lo” ou não.

AjAraujo, o poeta humanista, refletindo acerca do tempo em nossas vidas, em 7 de maio de 2017.

Arte por Vasilyeva Irina ~ “elusive time steps”.

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O tudo vem do nada

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O começo de tudo é nada,

O meio de tudo é finito

O fim de nada é tudo,

O finito é parte do infinito…

AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 7 de maio de 2016.

Arte por Leonid AFREMOV.

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