Raízes

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A minha viola nordestina
tem um cantar triste
como o da ave acauã,
que dizem bonito ser.

Canto tristezas, esperanças
nas minhas longas andanças.
Que quase sempre morrem
por falta d’água no sertão.

Tenho uma garganta
rouca de repentista
que de tanta sina
virou seca nordestina.

O ronco do estômago
de tão faminto,
é o que dá ritmo
às minhas músicas.

A minha viola modesta
molesta os coronéis de bota
e espora. que cravam
em minha língua ferina, ferida.

Era preciso formar um só som
com todas as nordestinas violas
deste país, onde ao norte,
fica a noite e a morte.

AjAraújo, em homenagem ao grande músico Luiz Gonzaga, escrito em Maio de 1976.

Arte por Léo Costa ~ Violeiro do Sertão

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