Conversas à beira do poço Brasil (1) – a corda

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Genildo, ilustrador.

– E aí, já chegou? Falta pouco?
* Que nada, cara, o fundo do poço
está longe, morou…
– Sem piada, já não bastou
o tropeço da economia, o sufoco,
e você ainda fala neste tal de moro…
– Calma, parceiro,
não param de mandar os anéis…
* Que droga de anel são estes?
– Você sabe, vai cavando,
chega a uma determinada profundidade,
vem o anel da reforma da educação,
só aí foram da geografia, história, filosofia
agora vem o anel da reforma da previdência
depois da privatização do aquífero Guarani
sei lá onde vou parar com tanto anel, daqui
não consigo enxergar o fundo do buraco
– Quer que eu dê mais corda?
* Pra que, se não vou ficar na borda?
– Então, onde acha que isso pode levar?
* Acho que vai cair direto no Texas
As petroleiras aproveitam o buraco
e drenam todo o pré-sal, que será
o último anel…
– Mas e o Trump como fica nessa?
* Eles querem mais é “se dar bem”,
meu caro. Manda a corda,
senão um coiote ainda me pega
na fronteira do muro…

AjAraújo, o poeta humanista, sátira política inspirada na charge “O que ainda está por vir?”, de Genildo.

Arte por Genildo, ilustrador.

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