O menino e o crack

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Psiu!
Não acorde o menino
embalado no sonho
de uma roda de pião
de uma bola de meião

Psiu! Psiu!
Deixa o menino
dormir o sono encantado
na cantiga da velha Sinhá
na barca do velho Simbá

Psiu! Psiu! Mas, que coisa, sô!
Não bole o menino
enrolado no papelão da tevê
embandeirado pelo Brasil que não lhe vê.

Psiu!
Vede o triste menino
cheirando o solvente, o crack
logo ele que sonhou ser craque

Psiu! Psiu!
Não deixa o menino
seguir iludido na esteira da cola
murchando no deserto da rua

Psiu! Psiu! Não banca o indiferente, sô!
Pois, inda há um menino
que mora dentro deste coração humano
que pode salvar um menino suburbano.

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 5 de maio de 2010, sobre um fato real.

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