O significado da Páscoa (I): A origem

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A origem da Páscoa remonta ao tempo
ancestral do Antigo Testamento,
na epopeia do êxodo do povo
de Israel das terras do Egito.

A Bíblia relata o acontecimento
no capítulo 12 do livro do Êxodo.
O Faraó tentou impedir a fuga do povo
de Israel, escravo de seu reino

O preço foi alto para o Faraó
Muitas pragas vieram atingindo
o seu povo e sacrificando
o próprio primogênito.

A décima praga porém, foi fatal:
a matança dos primogênitos –
o filho mais velho seria morto.

Segundo a instrução Divina,
cada família hebréia de seu povo,
no dia 14 de Nisã,
deveria sacrificar um cordeiro

O sangue deveria ser espargir
nos umbrais das portas de sua casa.
Sinal para o mensageiro de Deus não atingir
a casa com a décima praga.

A carne do cordeiro deveria ser consumida
juntamente com pão não fermentado
e ervas amargas na ceia,
preparando o povo para a saída do Egito.

Segundo a narrativa Bíblica, à meia-noite todos
os primogênitos egípcios foram mortos
incluindo o do Faraó, então o povo de Israel
partiu para Canaã, a terra que mana leite e mel…

AjAraujo, o poeta humanista, reflexões sobre a Páscoa (Parte I), escrito em março de 2010.

Imagem: Moisés e os Dez Mandamentos, artista plástico chinês He Qi.

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A lição da sarça ardente

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Moisés dirige-se ao Monte Sinai
Lá se manifesta o poder de Deus,
Que não deixa marcas na sarça
Que ardia em chamas,
Porém não se consumia…

Subir ao monte para Moisés
Significava deixar para trás
Os problemas que afligiam
Seu povo, em fuga do Egito
Do Faraó ensandecido…

Para estar diante de Deus
Para glorificar Sua presença
Foi preciso se afastar do povo
Se concentrar e ficar livre
Para o Face-a-Face histórico.

Então Deus se revela
Em uma sarça de fogo ardente
– Tipo de Acácia, Jurema no Brasil –
Fogo que simbolizava a glória divina
Sarça que simbolizava o homem comum.

O fogo não precisava de árvore
Para se manter em chamas
Assim como o poder de Deus
Não precisa de nós, do que somos,
Que nada valem diante deste poder.

Mas Deus confia a Moisés
A missão de libertar o Seu povo
Da escravidão no Egito
– Moisés questiona se será capaz
De livrar o povo da tirania do Faraó…

A visão da sarça ardente
Mudou a visão de Moisés:
– Se o fogo prescindia da árvore,
Deus não precisava dele –
Não importava suas qualificações

Moisés viu que Deus não carecia
De nenhuma força natural.
Deus então se revela,
Diz que irá com Moisés
E por isso ele foi vitorioso.

Deus é justo e misericordioso,
E fará a Sua vontade independente
De nossa vontade ou intervenção
E assim vivemos sabendo
Que nós precisamos de Deus.

Que Deus sempre esteja presente
E que vá conosco, nos abençoe
Ao fazermos nossas travessias
E que sejamos meritórios de vitórias
Em qualquer front de nossas batalhas.

AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 22 de novembro de 2015.
Imagem: Sarça ardente, autoria desconhecida.

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O Cristo que eu vi!

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“ A dor que, às vezes vem, me faz feliz também, pois nela me recordo o valor que tem a cruz, quando a noite esconde a luz, Deus acende as estrelas. ” (Pe. Fábio de Melo)

O Cristo que vi,
Percorrendo,
Os lugares sagrados,
Por onde nasceu,
Em Belém

O Cristo que vi,
Visitando,
A gruta da sagrada família
Na fuga da ira de Herodes
No velho Cairo, Egito.

O Cristo que vi,
Ainda criança,
De sandálias franciscanas,
Caminhando com Maria,
Na Galileia.

O Cristo que vi,
Transformando,
Água em doce vinho,
Nas festas das bodas,
No milagre de Caná.

O Cristo que vi,
Aprendendo,
O nobre ofício de carpinteiro
Com o mestre e pai José,
No velho casebre em Nazaré

O Cristo que vi,
Pregando,
A Torah na velha Sinagoga,
Com os olhos brilhantes,
Na frente dos sumos-sacerdotes

O Cristo que vi,
Pescando,
Com Pedro e apóstolos
No mar da Galileia,
Em Cafarnaum.

O Cristo que vi,
Dando,
A luz ao cego
De volta trazendo
A vida a Lázaro.

O Cristo que vi,
Perdoando,
A Maria Madalena,
Visitando Mateus
O cobrador de impostos.

O Cristo que vi,
Meditando,
Pregando em metáforas,
Ceando com os apóstolos,
No Monte das Oliveiras.

O Cristo que vi,
Preso,
Julgado pelos romanos,
Condenado pelos fariseus,
Sob Pôncio Pilatos

O Cristo
Crucifixado,
Na Via Dolorosa, a cada estação
Levava a pesada cruz da redenção,
Na velha Jerusalém

O Cristo que vi,
Ressuscitado,
Pleno, radiante de luz,
Fonte de amor e paz,
E de perdão dos pecados.

O Cristo que vi,
Sentado,
À direita de Deus Pai,
Ao lado do Espírito Santo,
Guardião de nossas vidas.

O Cristo que vi,
Divindade e humano,
Batizado por João Batista,
É a maior prova de amor
De Deus-Pai pela humanidade.

AjAraujo, o poeta humanista, poema escrito na semana santa de 2013, após uma grande experiência mística de uma peregrinação do poeta à terra santa.

Pintura: A última ceia, obra em naif da artista plástica brasileira Andreza Katsani.

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Ode para a rendição de uma infância perdida

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Que imagem chocante, aonde chegamos! Tem coisa mais triste? Como somos adultos doentes. A que serve a indústria armamentista? Insanos.

Ode para a rendição de uma infância perdida

Quando te vi, mãos erguidas sobre a nuca
como a implorar por tua já reprimida vida
Quando te vi, mirando fixamente a lente
como gatilho prestes a disparar de frente

Quando te vi, sem poder esboçar um grito
no simplório gesto de rendição, contrito
Quando te vi, no silêncio desarmado
no medo em tua face estampado

Quando te vi, senti desabar o que de humano
ainda havia neste mundo de valor tão profano
Quando te vi, desatei o nó no peito, e o choro
que tu não verteste está a irromper no rosto

Quando te vi, já não te restava infância
perdida ante a guerra secular e a infâmia
Quando te vi, tuas mãos deixaram um recado
a rendição cruel de tudo o que podia ser humano.

AjAraujo, poeta inspirado na foto desta menina síria, com o peito dolorido, e os olhos em lágrimas, em 29/3/2015.

Imagem de uma menina síria que levantou as mãos ao confundir uma máquina fotográfica com uma arma.

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Cegueira social

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“É necessário sair da ilha, para ver a ilha. Não nos vemos, se não saímos de nós.” (José Saramago)

Esta é a diferença substancial para aqueles que acreditam e lutam para tornar reais os sonhos de tanta gente secularmente excluída da riqueza de nossa pátria.

É uma pena que muitos só consigam enxergar os seus próprios umbigos, a cegueira foi um dos clássicos livros que depois virou filme do Saramago, ela mostra o quanto as pessoas podem se comportar no egoísmo cego, mesmo que privados coletivamente de suas visões.

Mas o pior para mim é a miopia deliberada, quando não queremos ou não aceitamos ver a vida do próximo melhorada.

Quando o indivíduo alvo de comparação já for rico é como se o sujeito sentisse certa idolatria, uma admiração mais do que uma inveja, pois sonha chegar a ser como ele.

Entretanto quando o indivíduo é pobre, é um acinte, uma abominação qualquer medida que promova a sua ascensão social.

A reação é de outro espectro: o sujeito sente-se ameaçado na sua condição ou status quo, ah, quanta pobreza de visão social, está ancorada no conforto de mesas abastadas e mentes egoístas.

AjAraujo, o poeta comenta postagem daqueles que criticam os programas de inclusão social e de combate a miséria no Brasil.

Arte – Pensamento de Clarice Lispector ~ A pior cegueira é a dos que não sabem que estão cegos.

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A viagem interior

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Na cabana deserta
O peregrino desperta
No ritmo sonoro de pássaros
Um Ícaro em sonhos alados

Após longa peregrinação
Por terras, montanhas
Mares, desertos e vales
Ei-lo agora, reflexivo

Em profunda contemplação
Faz reverência a natureza,
E se refaz no silêncio
Repousante destes vales

Em um momento pensativo,
refazendo o roteiro
Da viagem que ousou empreender
Retoma o leme para navegar

Ao interior de seu universo
Peregrino de si próprio,
buscando compreender a essência,
do real sentido… da existência.

AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 23 de novembro de 2009.

Arte: Provérbio Chinês ~ Aquele que retorna de uma viagem não é o mesmo que aquele que partiu.

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Terra Brasilis – do golpe a la carte

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Terra de Vera Cruz, Casa Grande e Senzala,
sofredores.
Eldorado de corsários, corruptores, golpistas,
colonizadores.
Rochas, pedras preciosas, ouro, petróleo,
exploradores.
Riqueza, terra, cobiça, bacamartes a falzi,
matadores
Analfabetismo e pobreza, fome e exclusão,
alimentam o poder dos exterminadores.

Brotos, frutos mil, raízes e plantas
medicinais, mas de males, sofredores.
Restingas, serras, florestas, afluentes e
rios, praias, mas têm os depredadores.
Alimentos, cereais e legumes diversos,
mas vêm os atravessadores.
Sertão, caatinga, fura poço e irrigação,
mas até a seca têm os seus especuladores.
Indústrias, automação e robótica, demissão
e o desemprego tem seus fomentadores.
Luz, água, gás, pré-sal, educação, saúde
e previdência na raia dos privatizadores.
Inventores, artistas, trovadores,
pesquisadores, já não tem financiadores.
Sem terra, sem teto, sem saúde, sem emprego,
e solapam teu voto os usurpadores.

Teremos
Algum dia,
O nosso outubro…

AjAraujo, o poeta humanista retrata acróstico retrata o sentimento de revolta pela situação em que se encontra nossa Terra Brasil, escrito em 22/4/96 (mas ainda bastante atual).

Arte por Tarsila do Amaral ~ Operários, óleo sobre tela, 1933.

 

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Faz de conta…

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Viver é um faz de conta,
E quem faz conta do viver?

Conta tanto que nem vive
E vive tanto que nem conta?

Nem te conto o que viveu
Viveu tanto que nem cabe no conto…

AjAraujo, escrito em 28/3/16.
Arte: Duy Huynh ~ pinturas surreais

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Porto espiritual

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no rumo
do vento
na proa
do navio

buscando
terra firme
navegando
sem bússola

enfrentando
tempestade
vou vivendo
escrevendo

m´trajetória
aonde chegarei?
o que levarei?
o que deixarei?

no rumo
do vento
na proa
do navio-vida

ora marejando
no balanço
das ondas
ora acalmando

o coração
a mente
divagando
mergulhada

n´outro oceano
a quantas milhas
estará o distante
porto espiritual?

AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 22/7/2015.

Arte por Ivan Konstantinovich Aivazovsky (1817-1900), Rússia.

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Ventríloquo

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Escravo da televisão

– (ou da tecnologia, como queiram) –

acorrentado pela informação,

marionete da embromação.

No final, sem juízo crítico,

assume a condição de ventríloquo.

AjAraujo, conversando sobre imagens, escrito em 22 de fevereiro de 2014.

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