Proseando ao pé do Congresso – sobre esta tal de lei…
– Afinal, que palavra complicada esta, hein compadre?
* Pois então, ela só se aplica pros inimigos.
– E não é? Veja só ela já começa com
L… de ladrão,
E… de espertalhão
I… de impunidade…
* Boa interpretação, compadre. Repara que
quem faz a lei, é o parlamento e os de-putados
são os primeiros a descumprir, logo criam outra lei…
– E você ainda me pergunta pra que serve a lei?
Ora, ela serve pra te proteger,
e das merdas que faz te defender,
claro, se você tem poder,
grana e tráfico de influência.
* Então se entendi bem, quer dizer que
a lei foi feita para pobre?
– Isso mesmo, percebeu né?
Para quem não tem cobre…
* Mas e tal da dona justiça, não tem nada
a ver com isso? Esse tal de foro privilegiado etc.?
– Ter, deveria por dever de ofício, mas coitada
anda com catarata precoce, com a vista blindada,
parece personagem do “Ensaio sobre a Cegueira”
do José Saramago, Nobel de Literatura.
* É, compadre, se ela não enxerga,
quem irá nos enxergar???
AjAraújo, o poeta humanista, sátira escrita a partir da observação de uma charge de humor política.
Arte por Alexandre Oliveira, ilustrador.