Solidão na caatinga

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Só, e somente triste
Longe de meus entes,
de meu viver, perene
Distante aos olhares

de remoto povo,
em distante povoado
A voz se consome, calo
na angústia que sinto.

Só, e somente triste
Lá se foram meus ideais
Os sonhos – nada há mais –
A vida? Não mais me pertence

Nas buscas, nos caminhos
Do Ceará que percorro, Orós,
Na terra do Patativa do Assaré
Nas serras, caatinga, no agreste

Só, e somente triste
Próximo de minhas raízes
Em São Francisco do Canindé
Busco entender os contrastes

O porquê de tanta pobreza
Em meio à tantas riquezas…
um país onde tudo vinga
basta uma fugaz chuva,

Onde o rebento, de teimosia,
cresce protegido no ventre
– do mais puro sisal, agave –
fibra da mulher nordestina,

Ao chegar a Altaneira,
A grande acolhida na praça,
Espanta a solidão e a tristeza,
Hei de superar com a garra,

… deste povo nordestino!

AjAraújo, o poeta descreve sobre a longa jornada para chegar ao agreste do Ceará, na região de Juazeiro do Norte, Crato e Altaneira, durante o Projeto Rondon, em Janeiro de 1977.

Arte por Antônio Matias Souza.

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